terça-feira, 16 de abril de 2013

Meu Presente, Para Todos


Assistindo às manifestações em cascata, na mídia e redes sociais, favoráveis à redução da maioridade penal, fazendo com que jovens de 16 anos, ou menos, sejam julgados como adultos, me ocorreu a velha máxima:

Vamos enxugar gelo.

A velha política do puxadinho, da gambiarra...

Prender e condenar jovens de 16 anos, ou menos, não vai diminuir a criminalidade, em nenhuma idade, tampouco a dor das vítimas, simplesmente porque a origem do problema permanecerá.

Seria como aumentar a potência e a área de aplicação do veneno que mata o mosquito da dengue sem que evitemos o acúmulo de água parada ao nosso redor.

Analisando de cima pra baixo, a origem do problema da violência, no Brasil, está em dois pontos:

1) Na ausência de investimentos humanos na educação, há décadas.
2) Na perversa distribuição de renda, transformando a distância entre ricos e pobres, de abissal a definitiva.

Ambos são regulações aplicadas por qualquer governo democrático do primeiro mundo.

Ambos são omissões permanentes da democracia brasileira, há quase 30 anos, e que colocam o país no ranking do quarto mundo, nestes pontos.

Analisando de baixo pra cima, coloque-se no lugar de um menino nascido num cortiço, na cidade de São Paulo, ou qualquer cidade grande.

Aos 8 anos, ele percebe que é a terceira geração da sua família que está nascendo num cortiço. Ele é neto dum avô favelado.

Aos 8 anos, ele percebe que os professores da sua escola pública - porque não há outra que ele possa frequentar - além de desmotivados, têm medo dele. E dos iguais a ele.

Aos 8 anos, ele percebe que, sem a devida educação, não vai conseguir um bom emprego e, portanto, vai ganhar pouco e permanecer pobre.

Aos 8 anos, ele percebe que os seus problemas são invisíveis aos seus vizinhos ricos do Morumbi.

Aos 8 anos, ele percebe que a polícia defende esses vizinhos de pessoas parecidas com ele, aos 16 anos.

Aos 8 anos, ele pode perder a fé na justiça e no futuro. Nesta ordem. Pra sempre.

Colocando-se no lugar dele, quando acabaria a sua fé e começaria a sua revolta?

Colocando-se no lugar dele, com quantos anos você formaria um bando e atacaria a sociedade que o mantém marginal, longe dos acessos e das oportunidades?

Haja bons espíritos, meu Deus!

Ainda bem que a maioria é.

São Paulo, a maior cidade do país, com os maiores contrastes sociais da nação morando lado a lado, embora não tenha a mão indecente do coronelismo covarde e sórdido do interior do Brasil, tem um prefeito que foi Ministro da Educação. Por 8 anos.

Obviamente, ele foi eleito pela maioria ignorante. Além dos cúmplices.

Ignorantes que atacam os burgueses, como se não almejassem também ser um.

A prova disso vem dos estímulos do próprio governo, do mesmo partido do prefeito. Para agradar e iludir os mesmos ignorantes, o que foi espelho aos índios inocentes há quinhentos anos, hoje é crédito fácil e desoneração da indústria para aumentar o consumo.

Logicamente, a inflação chegou. Inflação que, sabemos, corrói o poder de compra de todos. Principalmente, dos ignorantes. Fatos e dados que não me deixam mentir.

Política do puxadinho, da gambiarra...

Vamos acabar com a violência?

Não reeleja ninguém! De nenhum partido!
Nada de 8 anos no poder!

Em 8 anos, fazemos faculdade, mestrado e pós graduação.

Em 8 anos, trocamos as baladas pelas fraldas dos filhos.

Em 8 anos, a maioria do tumores retorna e mata.

Em 8 anos, um recém-nascido já domina um tablet.

Em 8 anos, um político corrupto vagabundo conseguirá ficar (mais) rico usurpando o dinheiro público.

Em 8 anos, aquele menino de 8 anos estará com 16.

Só teremos um novo Brasil, rapidamente,  por meio de novos representantes políticos. Em massa. De uma só vez. Para que a minoria dos velhos não contamine a maioria dos novos, roubando a esperança de todos. Ignorantes ou não.

Mas, os ignorantes ignoram essa lógica... Inocentemente... Percebe o círculo-vicioso hipócrita de quem assume o poder e não muda o quadro? Votar aos 16 anos também faz parte desse plano canalha.

Mais do que a Copa, as eleições gerais são em 2014.

Precisaremos selecionar os novos políticos comprometidos e nos unir, num bloco, em votação maciça, pois, votando de outra forma, já sabemos pela história, não elegemos ninguém que tenha mudado este cenário. Não conseguimos com Fernandos, tampouco com Ignácios.

Sou paulistano, moro no "Morumbi", perto da favela de Paraisópolis. Hoje é meu aniversário e já passei dos 8, 16...

Faço 51. Adivinhe, qual presente me agradaria?

Compartilhe a boa ideia, se assim achar. Publicamente. Na mídia e redes sociais.

Ou prefere blindar seu carro e se alienar, tomando todas, enquanto prendem meninos de 16?

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