sábado, 28 de setembro de 2013

Machismo Feminino


Nossa sociedade nunca foi tão machista. 

E a culpa inconsciente é da mulher.

A tese é minha. Mas, conversando sobre ela com minha mãe, uma mulher de 74 anos, criada à francesa para ser uma mulher independente, mas com atributos à família e ao lar, ela concordou. E justificou: "a mulher não se valoriza."

Embora a minha ótica seja diferente da dela, concordo. E me explico:

Neste século, no mínimo, a mulher está ocupando espaço e se fortalecendo, diante da sociedade de poder machista, mediante duas ações típicas do arquétipo masculino.

Explícita e pró-ativa.

Pior, num ambiente tipicamente masculino: racional, ansioso e apressado.

Pra comprovar a tese, a fisiologia dos gêneros, há mais de 40 mil anos:

O homem tem seu órgão reprodutor pra fora do corpo (explícito) e, na busca pela reprodução, ejacula milhões de espermatozoides. Tipo, girinos agitados. Um bando de pró-ativos.

A mulher tem seu órgão reprodutor pra dentro do corpo e, na busca pela reprodução, normalmente gera apenas um óvulo - a maior célula do corpo humano - que faz um pequeno movimento, do ovário às tubas (antigas trompas), e pára. Fica lá, passivo.

Os zoides têm que nadar da vagina às tubas para (tentar) fecundar o óvulo. Por isso eles vêm aos milhões. A maioria não chega.

Os zoides, apressadinhos, aparecem a qualquer momento quando estimulados. Várias vezes ao dia, em alguns machos jovens e saudáveis. (Quando ocorre essa periodicidade em machos velhos, eles normalmente não são saudáveis.)

O óvulo só aparece uma vez por mês. Em mulheres jovens ou não, estimuladas (mesmo diariamente) ou não.  

E note que, o grande poder de gerar uma vida, também chamado de "dar a Luz", comparando a mulher a Deus, um produto da fecundação entre um único girino e o poderoso óvulo, é exclusividade da mulher.

O Paulo Coelho e o Obama podem tentar, juntos, mas não vão conseguir. Há limites pra magia bélica.

Então, por que a mulher está peitando a vida se vestindo de 50 tons de cinza?

Por que o atual machismo é culpa da mulher?

Porque a mulher não está exercendo o maior poder de um óvulo.

A escolha.

O poderoso óvulo é quem escolhe um dentre milhões de zoides, e não o contrário, como tenta afirmar a óbvia ciência machista. Quando um macho "entra" numa fêmea, sem a escolha desta, é estupro, doutores...

E a mulher escolheu tomar o seu espaço e chegar ao poder usando as virtudes masculinas.

Inclusive na área afetiva.

Canso de atender mulheres (Lindas! Exuberantes! Sensacionais! Espetaculares! Interessantíssimas!), não só jovens, nem só solteiras, que são explícitas e pró-ativas. Vão ao encontro do zoidinho que está sendo pretendido, no local onde ele está, às vezes na casa dele, e não são poucas as que têm que tomar todas as iniciativas. Até de pagar a conta ou levá-lo pra casa...

E se o zoindinho vier pra cima, ai dela se disser "não"!

Conclusão: "o mundo está como está", como diz minha mãe.

Chato. Cheio de homens acomodados, fracos ou covardes, onde todos, homens e mulheres, estão com pressa imediatista, querendo botar o pau na mesa sem que haja mesa pra todos, gerando competição insana e metas inalcançáveis, inflação da vaidade física e racional, da sexualidade explícita, do homossexualismo (afinal, todos estão machos), com famílias esquisitas, e filhos com pais velhos e ausentes - pois-ambos-precisam-trabalhar-para-aumentar-o-patrimônio-material-e-garantir-o-futuro-dos-filhos - sem que os filhos tenham pedido isso, conforme eu tenho assistido, atendido. E dito.

Escolhas equivocadas, mesmo inconscientes, podem escurecer os tons de cinza.

Mulher, mergulhe em seu poder interior, seja seletiva em suas escolhas externas e crie um novo mundo!

Não por favor, mas por amor.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Beijadores Anônimos


"Eu fiquei com a menina."

Pronto. Está criado o maior paradoxo da nova geração.

Ele ficou com ela, mas não ficou com nada.

Acho impossível que alguém não saiba, mas, caso haja, ficar é beijar na boca. No mínimo.

No meu tempo - e lamento parecer alguém extinto - beijar na boca indicava um compromisso.

E compromisso de uma noite (supondo que se vá beijar apenas um parceiro por noite) não é compromisso. É casualidade.

Nos tempos atuais, embora os jovens desejem compromisso, mesmo que não revelem (algo mais no dia seguinte), há uma liberdade concedida e aceita entre eles que considera ficar um descompromisso. Até a página 3.

Porque, na página 4, há sim um compromisso, sensação de posse, blindagem, exclusivismo, dentre outras dicotomias. Amigos não podem ficar com a garota que você ficou. E vice versa. Se rolar é falta grave. Ficar com alguém num evento, parece que dá o direito de ficar novamente com o mesmo alguém, num evento futuro. Se a menina ficar com um menino e for ao banheiro, quando voltar ele tem que estar no mesmo local, sozinho, como se fora um namorado. Se ele der uma volta e ela encontrá-lo conversando com outra, ele terá dado um perdido e terá o ódio eterno dela...

Ora, mas a ideia não era viver a liberdade de beijar quem quiser, sem compromisso??

Eu te beijei na boca, mas não me comprometo a nada.

Tremenda ilusão! Realidade inexistente. Portanto, insustentável.

Resultado: várias clientes - sim, as meninas predominam - decepcionadas, tristes, querendo mais... Pais, onde estão vocês? Distraídos ou cegos mesmo?

Assistindo ao que vem ocorrendo, na última década, através dos olhos e narrativas dos meus filhos e clientes juvenis, posso afirmar que os jovens estão queimando uma etapa do meio pra chegar logo no fim.

Um atalho ilusório. Como se fosse possível saborear o chocolate sem trabalhar o cacau.

Com o objetivo de minimizar a ansiedade, os medos e inseguranças, para satisfação rápida e imediata. Exatamente como se busca uma droga.

No meu tempo - lamentavelmente pré-histórico - pra beijar uma menina na boca, dava trabalho...

Não bastava o desejo e a atração física. Você precisava demonstrar interesse exclusivo, intencionado e nem sempre era correspondido imediatamente. O tempo era mestre. Ensinava. E corroborava as intenções. Numa palavra, galanteio. Hoje, xaveco...

Tudo isso sóbrio. Obviamente.

Nos dias de hoje, o álcool é ingrediente primordial. E preliminar.

Todos, meninos e meninas, primeiro bebem, depois xavecam.

Daí ficam, no mínimo com um, e querem que toda essa mistura tenha substância?

Ficar é para adultos. Mesmo assim, se forem maduros, resolvidos, que sabem o que querem. Portanto, ficar é coisa pra nem tantos.

Seres em extinção.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

e-xistência



Champignon, baixista da banda Charlie Brown Jr, morava na minha rua. Fim do “Morumbi”, quase no Taboão da Serra. Periferia da cidade de São Paulo.

Ele poderia ter se suicidado pelo trânsito que é sair e entrar no bairro. Eu entenderia.

Ou, por ser roqueiro,  poderia ter se suicidado vendo tanto sucesso de gêneros, músicas e músicos medíocres. Eu também entenderia.

Contudo, Peu, Chorão e Champignon se suicidaram por desesperança.

Sendo eu um existencialista, não entendo, mas reflito.

“Se Deus não existe, tudo é permitido?”

Essa citação foi parafraseada do último romance de Fiódor Dostoiévski, um importante existencialista russo, Os Irmãos Karamazov, de 1.881.

Fundador do Existencialismo, o dinamarquês Søren Kierkegaard “sustentava a ideia de que o indivíduo é o único responsável em dar significado à sua vida e em vivê-la de maneira sincera e apaixonada, apesar da existência de muitos obstáculos e distrações como o desespero, a ansiedade, o absurdo, a alienação e o tédio.

Os existencialistas em geral, embora divirjam nas doutrinas, “partilham a crença de que o pensamento filosófico começa com o sujeito humano, não meramente o sujeito pensante, mas as suas ações, sentimentos e a vivência de um ser humano individual.”

A desesperança, estado básico dos suicidas, roqueiros ou não, é resultado da falta de fé.

A fé é determinada por ações apoiadas numa certeza interna, íntima, não necessariamente justificada por fatores externos palpáveis.

Como o amor.

Está faltando amor e fé à humanidade. Não só aos roqueiros.

Pois Deus existe, e a vida é a aventura de percebê-lo através dos seus atos.