sexta-feira, 27 de maio de 2016

Santo Antônimo

Às vésperas de mais um dia de Santo Antônio, 13 de junho, dito "santo casamenteiro", venerado pelas pessoas que querem se casar, viver conjugalmente, vivemos dias antônimos a ele.

Esquerda x Direita
Homens x Mulheres
Deus x Diabo.

Esse último, quero crer, ainda não, graças. (Entretanto, aquele estupro, com 33 homens. 33... A bestialidade não deveria ser associada a esse número. Perigo. Perigo. Perigo.)

Holístico, olhando pro todo, como eu vejo o cenário:

No século 21, a humanidade globalizada nunca esteve tão evoluída.

Tecnologicamente, nas comunicações, nas ciências médicas, na biodiversidade, na progressiva consciência da necessidade duma vida mais simples e orgânica.

Qual é o antônimo disso?

No século 21, a humanidade globalizada nunca demonstrou tanto comportamento primitivo.

Cavernosos no trato social, nas redes sociais, na lida com seus opostos, com a natureza pré-extinta, nas certezas maniqueístas equivocadas, nos permanentes e seculares atos radicais religiosos e geopolíticos.

A coisa não é só aqui, no Brasil. Vide a ascensão de Trump, nos EUA. No post anterior deste blog, a cliente me disse que, hoje, na China, as mulheres entram no mar de roupa. Na Índia, estupros coletivos foram vários. Nas arábias, a mulher é menos valorizada do que o terrorismo.

Dá pra piorar?

Sim. A maioria da humanidade ainda é primitiva, pois prioriza a sua agenda com comportamentos primitivos. Como os primatas. Comer, defender domínios, fazer a dança do acasalamento, acasalar e dormir. A ordem dos comportamentos não altera o símio.

Lamentavelmente, então, podemos esperar que, tal qual uma mola, antes de se expandir para a evolução holística definitiva, tão esperada para o terceiro milênio, a humanidade vai se contrair ainda mais, regredindo.

Analogamente, Eva foi estuprada por Adão.

Regredindo, Eva não vai existir.

Regredindo, Deus vai arrancar uma costela do Adão.

Vamos interromper tal regressão conhecida e dolorosa? Ou vamos chegar ao caos que antecedeu a luz?

Então, queridos homens, por amor, quebremo-nos, arranquemo-nos desde já!

Deve ser nosso o espontâneo movimento de se abrir e doar, para criar algo oposto a nós.

Além de gentil e cavalheiro, será um ato divino.

quarta-feira, 18 de maio de 2016

Xing-Ling

Hoje, atendi à uma cliente que está no sul da China comunista.

Leitura de tarô.

Uma bela jovem ímpar que, ao completar 30 anos, em 2015, resolveu sair da sua vida (muito mais do que "zona") de conforto, abrindo mão de bom emprego e vida estável, perto da família - ela tem o Sol e o Ascendente em Câncer - apesar de morar sozinha há tempos, e partir para a sua predestinação macro: dar o que tem a quem não tem, pelo mundo, em corpo mente e alma.

Uma espécie de franciscana mestiça. Espanhola e japonesa, nascida no Brasil. Levando alegria aos tristes, livros infantis a crianças sem história, dando o português e recebendo o mandarim, e, de maneira geral, fazendo justiça, buscando o (eterno) equilíbrio de forças opostas, sem brigar com ninguém, mas convencendo, com seus atos e sorrisos, verdadeiros e sensíveis.

Papo bom, ela me contou muitas coisas. Está numa cidade que se transformou num polo de sapatos e bolsas, uma espécie de Franca local. Polo industrial e de prostituição. No começo, só os homens foram pra lá, então... Segundo ela, já não existem mais as moças que oferecem seus serviços na rua.

Há shoppings com lojas internacionais, como aqui. O preço de uma roupa na Zara de lá é o mesmo daqui! Fico imaginando o lucro da Zara de lá... Pior, ela disse que, pra pagar mais barato, tem que ir no camelô, comprar produto "xing-ling"! Isso mesmo. (Dois minutos para você rir e fazer a cara de quem não entendeu direito a lógica da coisa, assim como eu.)

Por outro lado, eles não se cumprimentam.

São diretos. Lá, não existe o "bom dia, tudo bem?". Lá, no primeiro contato, eles falam: "já comeu, hoje?". De tanta fome que já passaram e a inclinação a alimentar o próximo.

Lá, também não há tradução para "por favor", obrigado"e "desculpas".

Mesmo em Pequim, a pessoa toma o que está na sua mão e que você já ia entregar... Dois chineses conversando, na rua, dão a impressão que vão sair na porrada, a qualquer momento. Agressivos, não passionais como italianos e portenhos.

Na praia, usam roupa de banho. Literalmente. Ela usou biquini, virou celebridade. Um bilhão fizeram bilhões de selfies com ela.

Um conhecido do trabalho, ao ser identificado por outro como tendo a mesma cor dela, deixou claro: "eu sou amarelo, ela é negra". Pejorativamente.

No geral, os homens meio que desprezam as mulheres. Ao contrário, as jovens chinesas tratam o homem bem, principalmente os estrangeiros, na esperança de que possam mudar de vida, sair da China.

Imersa na cultura desse povo antigo, há muito sob o regime comunista, fechado, censurado e bem monitorado, a jovem cliente, às vezes, tem a sensação de que "voltou no tempo".

Será?

O ontem ainda é hoje no cenário mundial. A classe média que enriquece na China, apesar de comunista, está comprando o mundo, assim como os antigos povos ricos fizeram no passado, e fazem no presente, quando olham para os terceiros mundos.

Afinal, Stephen Hawking tem razão: o tempo é xing-ling.

O mundo (ainda) é xing-ling.

Somos todos iguais.

Sejamos originais.

(foto da abril.veja.com.br)