domingo, 28 de fevereiro de 2016

29 de Fevereiro

A existência do dia 29 de fevereiro em nosso calendário oficial, mesmo apenas de quatro em quatro anos, é excelente oportunidade para lembrarmos de que precisamos de ajustes em nossos comportamentos, de vez em quando. E oficialmente.

Defendendo a tese:

O 29 de fevereiro existe - e poderia ser um 32 de outubro - para ajustarmos os movimentos do planeta aos relógios.

Porque o dia não tem, exatamente, 24 horas (23h 56 min 4,09 seg). Logo, o ano não tem, exatamente, 365 dias (365,256363 dias de 23h 56 min 4,09 seg).

Logo, Einstein tem razão, o tempo é mesmo relativo, apenas o movimento é preciso. Pois 23h 56min 4,09 seg = 1 rotação. 365,256363 x 23h 56 min 4,09 seg = 1 translação.

Portanto, de tempos em tempos, é necessário - mais do que importante -  que façamos ajustes precisos em nossos movimentos (comportamentos). Oficialmente.

Quiçá fossem diariamente.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

A Mente e o Coração

Há poucos dias, atendi a uma querida e boa cliente, aos prantos, inconformada com a dor que estava sentindo desde antes do Carnaval, quando viu seu ex com outra, cujo relacionamento - ela sondou - parece ser sério.

Não era um ex qualquer, mas um cara com quem teve uma história longa, cheia de aventuras positivas e desafios negativos, que ela achava que estavam superados.

"Eu coloquei na minha mente que não tínhamos mais nada, nunca mais havia falado com ele, bloqueei, deletei, desapareci com todas as memórias, contatos e referências! Como posso estar assim, chorando, há um mês?", ela disse.

Pôs na mente, mas não no coração, disse eu.

O coração nos unifica.

Pois, o amor gera plenitude.

Tá no coração? Então é verdade.

Vem do coração? Ponha pra fora.

Tentar negar o coração, sem sequelas, é impossível.

Por isso aquele choro era legítimo. Eu chamo de lamento. Como na morte de alguém. O que há pra se fazer? Nada. Então, chore.

Finalmente, aquelas lágrimas estavam lamentando o amor que morreu.

Bem-vindas.

(Não vou deixar esse texto acabar triste, não! De jeito maneira! O cara é um bosta e ela está ótima!)

(Imagem de vilamamifera.com)

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Atalho Afetivo

Não sou do tempo dos aplicativos de relacionamento.

Fui do tempo, mas nunca utilizei os sites de relacionamento, tampouco os Chats. Da UOL, lembra-se?  Era novidade na década de noventa, entrei por curiosidade terapêutica, numa sala de faixa etária.

Puta coisa chata!

Você tinha que teclar a mesma coisa para todas as "moças" que se interessavam em teclar com você... Tenho 1,84, 90 quilos (hoje seriam 100, mas provavelmente mentiria), moreno, de olhos castanhos, autônomo, astrólogo (se quisesse o interesse da "moça", imediatamente), 53 anos, casado (Ou, 45, descasado, se quisesse só continuar o papo), estudei no colégio tal, torço pro time tri, moro na Zona Sul, etc, etc, etc... Falar repetidamente já seria chato. Teclar, então... Além da plena verdade ser algo raro.

Bem, hoje, os aplicativos de relacionamento são um atalho legítimo. Não tenho mais o natural preconceito inicial.

Afinal, em tempos de telefones espertos com internet à mão, a pressa também chegaria na paquera.

E já existe toda uma norma de procedimentos, que indica possíveis pensamentos/intenções dos que os utilizam. A começar pela escolha dos aplicativos:

"O Kickoff é o Tinder pra quem quer namoro sério". Pra mim, bobagem. Preconceito retrógrado pra algo moderno.

"Happn veio pra desbancar o Tinder e não é apenas para tímidos".

E ainda temos o Pof (o maior do mundo), Flert (pelo nome, deve ser pra terceira idade), Badoo, DateMe, Twoo (mais pra amizade, dizem), WeChat, Namoro On, ParPerfeito, dentre outros. Inclusive os exclusivos aos gays, claro.

Depois da escolha do aplicativo, há normas de conduta. Essas genéricas. Pra todos:

Havendo conexão pelo aplicativo, migra-se para o WhatsApp em três ou quatro dias, no máximo. Permanecendo (e progredindo) o bom papo, também em poucos dias, um encontro pessoal. Lógico e óbvio. Não dá pra continuar a se ter expectativa sem saber se a pessoa é bela e brega ou fera e fofa.

Nesse trâmite é contraindicado que se converse apenas pelo aplicativo. Chamar a pessoa pro Whats denota interesse pessoal, certa exclusividade e indica que a pessoa é decidida, sabe o que quer. Depois, na segunda fase, os posts também denotam a sua personalidade. Muito meloso/empolgado (tipo "Bom dia, amoreeee!!!!!!!, às 6h30), muitos posts por dia, emojis em excesso ou inadequados (cuidado com o uso dos que tem coração ou os que mostram a língua), ATENÇÃO, não são bem-vistos, não sei bem porque.

Rapazes, demorar muito tempo pra responder a um post recebido indica que você é um idiota que "se acha", canalha, galinha, que não tem consideração com ninguém e merece ser corneado, ainda hoje!

Convidar prum almoço denota desinteresse sensual. Pra um jantar, cuidado, pois pode estar indo com muita sede ao pote...

Parece-me meio trabalhoso, apesar de um atalho... Como escolher pegar a vereda de terra, mais curta, mas esburacada, ao sair da estrada asfaltada, porém mais longa. (Tá faltando um Waze Affair.)

Claro, toda essa tensa atenção depende do interesse e dos posts da pessoa com quem se tecla. Havendo empatia, tudo fluirá melhor.

Assim seria em qualquer forma de se buscar um relacionamento.

De qualquer forma, e parafraseando Antoine de Saint-Exupéry, "a linguagem é uma fonte de mal-entendidos".

Sob qualquer forma, num "atalho" ou num bar, há os jogos. De palavras, denotando mistério, interesse, sedução, etc, etc, etc, etc, etc, etc. E etc.

Aliás, não!

Recentemente, uma cliente jovem, bonita, comunicativa, descasada e usuária nova dum aplicativo, me contou que já se pegou num comportamento meio bizarro (dito por ela), apesar de comum entre os usuários: chegou num bar, com amigas, sentou-se e não deu uma olhada geral no ambiente, por alguns minutos. Antes, como estava conversando com alguns caras legais nos aplicativos, ela chegou no bar e olhou pro celular, por alguns minutos. Pra saber se algum deles estava na área, para um possível encontro. Naquele bar.

Bar = point de encontro de usuários de aplicativos de relacionamentos. Vintage garantido.

De toda forma, pra mim, um cinquentão casado há décadas, acho legal ter vencido um preconceito e dado um kickoff, abrindo minha mente.

Amem-se!