Ontem, assistindo ao Tributo à Legião Urbana, ao vivo, pela MTV, nem esperava, mas não consegui mais cantar enquanto Wagner Moura interpretava, como um fã, Tempo Perdido.
A emoção tomou-me.
Daí, fui me lembrando como passei a gostar da banda Legião Urbana.
Eu era um apreciador normal, via rádio, das boas letras do Renato e das melodias do grupo. Até a morte dele e o fim da banda, em 1996. Ao contrário do Cazuza, ele conseguiu se esconder das consequências da AIDS e morreu sem alarde.
Tomei um susto.
Talvez porque, de alguma forma, parte da minha vida também estivesse morrendo, naquela época.
Estava muito, muito solitário, tocando a minha nova profissão, terapeuta, cuja transição não estava sendo fácil sob diversas óticas. Haveria de me descasar no início de 1997 e começar uma nova vida, cuja incógnita era grande, longe dos meus filhos, embora a fé já fosse inabalável.
De repente, naquele fim de 1996, "quando tudo está perdido, sempre existe um caminho" ressoou em mim.
Comecei a comprar os CDs da Legião. Não tinha nenhum.
Então, logo percebi que Renato Russo escrevia e cantava para a alma humana. Porque vinha da alma dele.
Ele conseguia musicar e interpretar algumas percepções da realidade e de alguns sentimentos de uma forma que a maioria não tinha clara consciência, até ouvi-lo cantar.
Conexão direta.
Daí o caráter messiânico de muitos fãs.
Aquele momento passou, mas sou grato ao Ventríloquo D'Alma, Renato Russo, e sua banda, cujas músicas foram companheiras da jornada.