sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Obra-Prima

O caos é uma tela em branco.

Por um lado, pura e branca. Por outro, aberta a todas as possibilidades.

Tal disponibilidade ampla e total, sabemos, enlouquece. Porque nos exige uma escolha. Primeira escolha. Mas, qual?

Muitos espíritos hoje encarnados são assim, uma tela em branco. Chamo esses de primeira encarnação. Jamais encarnaram como humanos, em lugar nenhum, e não são oriundos do Nirvana, Paraíso, Éden, etc. (Sim, há espíritos deste quilate, encarnadinhos da silva, por aí...)

Os primeira encarnação são os mais perigosos, pois são imprevisíveis. Têm autorização soberana, pura e branca, pra ser qualquer coisa, obedecendo sempre a Lei Sagrada da Evolução. E vão ser moldados de acordo com o ambiente social de nascimento.

Por exemplo, se um primeira encarnação nascer filho dum bandido, ele provavelmente o será. Tratar-se-á da realidade dele. A sua tela branca receberá tons de vermelho-sangue. E, ao evoluir, pode se tornar o pior (pra ele, o melhor) bandido da história da humanidade. O rei da sua comunidade.

Daí, o primeira encarnação morre. Morte matada. No plano espiritual, ele será obrigado a fazer um balanço sobre a sua primeira existência. É norma ética que a sua vida tenha satisfeito a ele e, ao mesmo tempo, ao próximo. Esse juízo, afinal, garante a Lei da Evolução. Ele mesmo vai avaliar. Não haverá um Deus para fazê-lo, pois já estará em espírito, ambiente divino, apesar de desencarnado também pela primeira vez. Como era uma tela branca, ainda puro e inocente, foi um bandido levado pelas circunstâncias. Mas, na segunda encarnação...

Seu quadro não será mais branco. Já terá os tons de vermelho-sangue. Tendo feito o juízo da primeira encarnação, ainda que inconsciente na juventude da segunda, saberá que o vermelho será pra proteger os inocentes ou excitar os amantes, como um policial ou fabricante de Viagra, por exemplo, e vai usar as artimanhas dum bandido, aprendidas na primeira encarnação, para fazer o bem na segunda, burlando os maus e ajudando as pessoas, como (bons) advogados, juízes e diplomatas, por exemplo. E assim, ele vai colorir a sua tela.

Daí, o segunda encarnação morre. Morte morrida. No plano espiritual, como sempre, ele vai fazer o tal balanço.

E, avaliando a sua tela atualizada, perceberá que, apesar de mais rica e colorida, levou uma segunda vida muito superficial. Só experimentou a beirada das coisas, com cores quentes, físicas, emocionais. Satisfez, predominantemente, aos desejos do corpo, da pele, da matéria. Mas, desconhece o âmago das questões.

Na próxima encarnação, pra tentar ser pleno, terminando a sua pintura e se juntando, definitivamente, a Deus, o arco-iris, vai se aprofundar internamente antes de fazer as escolhas.

E, solidariamente, vai usar a sua luz, pura e branca, para ajudar quem estiver no caos.

Bem-vindo, terceira encarnação.

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