sexta-feira, 13 de junho de 2014

De Bico

Eu votei no Luiz Ignácio. Primeiro mandato.

Apesar de vários amigos me chamarem de ingênuo, achei justo e coerente meu raciocínio de cidadão-eleitor: ouvindo dos meus pais e seus amigos de classe média, desde os meus 8 anos de idade, que o (único) problema do Brasil era a falta de educação do povo, se um sociólogo letrado e intelectual, professor-doutor universitário e criador do Plano Real, político experiente e ex-senador, em quem votei sempre, inclusive contra o Jânio à prefeitura de São Paulo, em 8 anos como presidente, não deu jeito na educação ao povo, teria a consciência tranquila se desse uma chance ao popular sem-educação.

Meus amigos tinham razão. Mesmo assim, está em mim acreditar. Mas, não sou burro. 

Dito isso, me sinto à vontade em criticá-lo. Ele e os seus.

Ontem, na abertura da Copa do Mundo de Futebol da Fifa, ao vivo para bilhões, a nossa presidente petista foi xingada, em coro. Ela e a Fifa, é bom que se diga.

Hoje, assisti a vários jornalistas, não só esportivos, criticarem duramente o xingamento, apenas à presidente, é bom que se diga, retirando o tal xingamento do contexto amplo de um ano de manifestações permanentes pelas ruas do país.

Retirar um fato do seu contexto e criticá-lo, normalmente é uma atitude nefasta de jornalistas covardes, hipócritas, tendenciosos, vaidosos e/ou oportunistas. Impossível para mim, um holístico.

Então, entre a taquicardia da indignação e o silêncio, preferi escrever este texto. Meu cardiologista vai curtir.

(Momento de petistas radicais e retrógrados abandonarem a leitura. Obrigado por virem até aqui.)

O futebol é um jogo popular. Em suas arquibancadas, todos se igualam. No mínimo, na hora do gol.

Ontem, porém, o povo estava fora do estádio, na abertura da Copa do Mundo da Fifa, no País do Futebol.

Ontem, a maioria que conseguiu chegar à arena, além de paciência e sorte, precisou de recursos próprios, acesso à internet, com educação. Mas, aquela mesma maioria não elege ninguém neste país. Há tempos.

Ontem, a plateia educada xingou a presidente e a Fifa, mas não vaiou o hino da Croácia. As coisas boas da educação são percebidas assim, naturalmente, sem que nenhum jornalista, nem ninguém, precise elogiar.

Ontem, enfim, lá estavam, em grande maioria, os não-eleitores da presidente, mas que sustentam o estado do País do Futebol, mediante os impostos retidos e não revertidos, cansados da ditadura mal-disfarçada e corrupta, nossa e da Fifa. Ambas foram xingadas. Ambas, senhoras e senhores "jornalistas".

Ontem, numa partida de futebol, xingar era do jogo. O tal grito preso na garganta de quem torce, mas é impotente, não pode vencer o jogo (do poder), pois só o assiste.

Ontem, o xingamento foi popular, sim! Portanto, legítimo. Democrático, senhoras e senhores da mídia livre, democrático!

Lá estivessem os "bolsa-total", mas com educação e recursos, provavelmente haveria o "coro-total". Sem ser totalitário.

Pensando melhor, e democraticamente, não haveria coro algum ao principal mandatário brasileiro.

Pois, provavelmente, ela não seria a nossa presidente. E, se assim fosse, qualquer presidente faria o discurso inaugural e tradicional do evento, normalmente, ontem covardemente omitido.

Que o Itaquerão de ontem esteja nas urnas de outubro! De virada!

Está em mim acreditar.

Em tempo: Ei, Dilma, VTNC!

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