terça-feira, 25 de outubro de 2016

Existência Panorâmica

Hoje, atendi a uma cliente que mora no último andar. 18º, num prédio com elevador panorâmico.

Na saída, apesar do medo de altura, elevador ainda no 18º andar, percebi o que parecia ser um tumulto no imóvel em frente. Várias pessoas na calçada, e uma viatura da polícia lá dentro, ao fundo do terreno, com as luzes ainda piscando.

No 12º andar, não dava mais pra ver a viatura, apenas o tumulto.

Coisa de terapeuta holístico que pratica o silogismo, de imediato me ocorreu um lamento ímpar que acomete as pessoas que, por amor à filosofia, à lei (inexorável) da evolução, alcançaram o 18º andar da sua existência e enxergam a vida um pouco além.

Estas, tentando convidar pessoas próximas, importantes e queridas, a verem a vida (ou um assunto relevante) sob a sua ótica, sugerem que subam alguns poucos andares para compartilhar (e constatar) a sua vista.

Dependendo do tom que a conversa chega, normal e lamentavelmente, as pessoas do 12° julgam assim as do 18º:

1) Você é o dono-da-verdade (portanto, metido, autoritário, etc).
2) Você é arrogante e/ou prepotente e/ou presunçoso.
3) Você não está se atendo aos fatos e quer ver além do óbvio.
4) Você é "sonhador", vê coisas que não existem.
5) Você está errado.

Evoluir, como toda lei, tem ônus. Desapegar-se de certezas e verdades do 12º andar e estar aberto a novos (e mais elevados) horizontes.

Bônus: descobrir infinitos cenários numa existência panorâmica.


(foto do filhotedepombo.com)

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